Um novo modelo de lealdade à empresa

O executivo cinquentão que acaba de deixar um emprego onde passou 30 anos e sente-se angustiado e perdido. Lembra que antigamente as pessoas “vestiam a camisa” da empresa, faziam esforços extras e sacrifícios pessoais por ela, defendiam-na a qualquer custo, lutavam pelos seus ideais. Com isso, integrando equipes estáveis e coesas, as pessoas definiam o mundo a partir dos prismas de suas organizações. A organização e seus ícones motivacionais, suas histórias e bandeiras eram assimiladas por uma visão romântica e positiva – com emoções equivalentes. A pessoa não tinha interesse em mudar de emprego para ganhar uns trocados a mais.

Hoje as coisas são diferentes e ele sente que algo de raiz mudou. É verdade: mudou mesmo. Antigamente os jogadores jogavam pela camisa do time e o clube cultivava seu quadro. Hoje os bons e éticos jogam pelo valor intrínseco do jogo e eventualmente jogam maravilhosamente pelo Palmeiras, quando são pessoalmente corintianos ou vice-versa. É o outro âmbito do profissionalismo, o outro âmbito das emoções do trabalho.

É necessário aprender as emoções competentes para as relações de trabalho modernas. Pontos a considerar:

· Pôr emoção desmedida no trabalho, nas relações, na estima do ambiente, provavelmente é inadequado. Sutil questão de medida.

· Em vez de ser leal à empresa como ela é – e incondicionalmente – provavelmente seja melhor o profissional ser leal à empresa em transformação, com suas novidades.

· Em vez de ser leal à empresa com seus ícones motivacionais abstratos, é melhor ser leal ao contrato que se faz com ela: trabalhar bem, com profissionalismo, dentro das boas práticas, pelo bem de quem paga o salário.

· A empresa, tendo necessidade ou sendo de seu interesse, dispensará a pessoa. A pessoa, tendo interesse ou necessidade, abandonará a empresa. Desfaz-se um contrato, mas com menor nível de dor e trauma. É a vida moderna, com suas mudanças estruturais mais rápidas.